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31 de out. de 2013

Filme: Adam

Descobri esse filme através de uma resenha do livro Passarinha lá da editora que trabalho. Como o livro tem uma protagonista autista, com síndrome de Asperger, a blogueira achou legal relacionar com esse filme, cujo protagonista também tem que conviver com a mesma condição.
Mas as semelhanças acabam ai. Em Passarinha, a protagonista tem 10 anos, enquanto em Adam, ele já é um homem, com diploma universitário e vida adulta.
Esse filme é uma comédia romântica, e trata do assunto de forma tão leve e gostosa que é tudo que eu gosto, apesar daquele final, digamos que, surpreendente considerando que é uma comédia romântica.

Adam já é um adulto, mas que conviveu com o pai a vida inteira, sendo protegido e evitando que o "mundo real cruel" o impeça. Acontece que ninguém é para sempre e o pai morre deixando Adam para viver sozinho e cuidar de si mesmo. Sim, ele ganha uma herança boa e tem um amigo da família que sempre o ajudou, mas acaba ai. O emprego que ele está no momento o demite, em parte por ele ser super qualificado para o mesmo e ganhar pouco, em parte por ele querer levar além da expectativa os brinquedos que produzem, criando custos impossíveis para o produto.
Só para deixar claro, ele tem um diploma de algo próximo a engenharia elétrica e é muito inteligente, só que, por causa da síndrome, tem dificuldade de se relacionar com as pessoas.
E é ai que aparece Beth, uma mulher que acabou de se mudar para o apartamento de cima dele. No começo ela não entende que ele é diferente. Enxerga apenas um menino doce e simpático e em alguns momentos bastante mal educado e sem timing de conversa.
Mas ele gosta dela, e ela dele. E aos poucos eles fazem dar certo uma relação. Não muito tradicional... porém quem se importa?
Ela o ajuda com as entrevistas para outros empregos, ele a ajuda a ter inspiração para escrever seu livro infantil.
Entre dramas e crises, a vida e o relacionamento deles acontece como qualquer outro. E é fofo, simpático, dramático, engraçado...
Os dois crescem e aprendem até o desfecho do filme.
Adam prova que uma pessoa com a síndrome pode sim viver uma "vida normal".


28 de out. de 2013

Livro: Morte Súbida

Como escrever sobre um livro que não sei o que pensar? Um livro que foi um massacre lê-lo por completo, mas entendi a proposta e vi muito da Rowling em suas páginas.


Morte Súbita mostra, dentro de uma sociedade do interior, intrigas existentes nas grandes cidades, nas grandes famílias, dentro dos bairros, nas cidades do interior.
As fofocas, a superioridade natural que algumas pessoas pensam que possuem, a novidade, a sede de poder, os segredos que escondemos de nós mesmos.
Reclamei com amigos que não gosto de livro sem protagonista. No caso desse livro, a protagonista é a cidade, o que torna tudo muito confuso. Personagens possuem mais de um nome (o nome real, o apelido dado pela família e o apelido pejorativo). Até você entender tudo isso, a cabeça vai dando um nó.
Como sempre acontece quando há vários personagens na história, sempre existe aquele que você se identifica, se relaciona de alguma forma. Barry, o morto, virou um anjo por estar morto. E para nos mostrar isso, a autora mata outros personagens no final, em um trágico evento, uma situação de causa e consequência.
J.K. tem uma visão quase sociopata de Pagford, sem emoções. Descreve fatos, mesmo quando se refere ao amor, ciúme, ódio, inveja... 
Os personagens trepam, chupam, fumam... Palavras e expressões que usei muito na minha adolescência como forma de revolta e agora mostradas cruas e diretas no texto. Me espantei com cada uma delas, como se fosse errado lê-las em um texto da Rowling. Me espantei, mas entendi. Ela queria quebrar com o mundo mágico, e assim o fez.
Desenvolveu uma visão crua, em alguns pontos até cruel do mundo, mas nem por isso menos verdadeira. A morte nos torna anjos. E qual a consequência de uma morte? Como cada um reage a mesma? Alguns choram, sofrem, outros fogem das maneiras mais diferentes e ainda há aqueles que não se abalam, que se aproveitam... Mas eventualmente todos seguem em frente. Porque afinal, a outra opção é ir junto, é morrer também. E para quem fica, as consequências.
É... o mundo é assim. Não é porque deu certo para uma pessoa que dará para outra.
A busca por autenticidade de Bola criou o personagem mais falso, incapaz de sentir, de falar o que está vivendo.
Krystal é uma menina que sofre simplesmente por ter nascido. Um erro que nunca foi capaz de reparar. Sem culpa, sofria e ninguém entendia. Acabou virando a culpada.
Andrew, apesar de todos os pesares, é um fofo. A vida dele não é mais fácil que a de ninguém, mas mesmo com tudo o que passa continua sendo doce, se apaixonando e tentando passar pela adolescência sem grandes traumas.
Sukhvinder só queria que alguém a escutasse. E foi preciso que viesse uma menina de Londres para isso acontecesse. Na cidade, ninguém percebia.
Cada personagem com o seu segredo, com a sua história.
Cada ação, uma reação.
Sem começo nem final, Morte Súbita é um meio. É uma reação a uma morte. E acaba quando outra acontece.
É simplesmente a vida. Vista sem os óculos da magia.

Essa música que combina com esse livro, apesar de tudo.

23 de out. de 2013

Livro: Do Seu Lado

Chick Lit era meu gênero de literatura favorito, até eu descobrir o YA. Mas ainda tenho uma paixão escondida, que com livros gostosos como Do Seu Lado, renascem e me lembram porque eu sempre gostei de lê-los.
Do Seu Lado é leve, rápido, fofo... é aquele alívio no meio do turbilhão de ideias e pensamentos. Não é um livro para mudar sua vida, mas para te fazer dar uma pausa e sonhar, talvez até quem saiba olhar pro seu melhor amigo e perceber que Friendzone não é legal... Afinal de contas, quem disse que ele não pode ser o amor da sua vida?
Fiquei sabendo desse livro em parte porque a autora é brasileira. E eu realmente quero dar uma chance para os autores contemporâneos brasileiros, contudo, até esse livro, nunca achei uma história boa o suficiente.
Tudo bem que Do Seu Lado falta conflito, não tem vilão, começa pelo final e termina como novela da globo. É extremamente previsível, mas qual Chick Lit não é?
Eu me relacionei bastante com a família da Sarah. A avó da personagem me lembrou muito a minha avó, que perdi no começo do ano. Por isso me emocionei nas cenas simples, como o jantar de família, e nas não tão simples quando a avó vai para o hospital. Sem dúvida foi minha personagem preferida.
É a dinâmica familiar brasileira, que é diferente do resto do mundo, porém nunca vemos retratada nos livros. É tão legal ler sobre uma música brasileira, ver como ela se relaciona com o livro de outra forma.
O que não ficou muito claro é os pais da Sarah são aposentados, mas de quê para viver confortável daquele jeito? Outra pergunta é como os protagonistas ganham dinheiro. Tudo bem que são arquitetos em uma firma grande, mas eles largam tudo para fazer a pós-graduação fora do Brasil. Vão passar 1 ano vivendo de que? Fiquei preocupada...
Queria saber em qual cidade se passa o livro. Ela deixou isso bem em aberto, podendo ser qualquer lugar do mundo. A festa da roça na casa dos pais de Igor foi divertida, apesar de meia irreal, bastante "chico bento".
Mas quem se importa com essas coisas?
É chick lit, é fofo, e a autora é brasileira. Vale muito a pena conferir!

Obs. Fernanda Saads vamos deixar de ser puritanas e escrever uma cenas de sexo? Não precisa ser nada demais, mas senti falta no livro. As indicações de "coisinhas" com o Bruno ficaram meia vagas...

Música que é citada no livro:

14 de out. de 2013

Livro: Easy

Acho que serei massacrada de escrever isso, mas a verdade é que não curti Easy. Talvez por terem falado tão bem do livro que fui com as expectativa lá em cima e... não fui correspondida.
Na real, nem ia fazer resenha, mas pelo que percebi por ai, sou a diferente que não gostou então resolvi levantar a discussão.

Aviso que terá muitos spoilers a partir daqui, então se você ainda não leu, pretende algum dia e não gosta de spoiler, PARE de ler agora, e volte depois.

O livro é um "New Adult", ou seja, a protagonista está com 20 e poucos anos, no 2º ano de faculdade, já fez sexo... enfim, as discussões vão além do drama adolescente de ele não me ama, vou morrer se não ficar com ele... Mas será mesmo?
Jacqueline, a protagonista, é uma mulher muito burra que não sabe quem é se não tiver namorando alguém. É o tipo de pessoa que quando você pergunta: Quem você é?, a resposta será sempre: "Eu sou a namorada do Kenedy/Lucas/Landon." Ela é dessas que não sabe ser solteira, e por medo de ficar sozinha vai atrás do macho para onde ele for.
A primeira vez que ela faz isso, seguindo o namorado de Ensino Médio para faculdade, ainda é possível entender. Afinal, com 18 anos, hora de entrar no vestibular, ainda somos jovens, não temos certeza de nada, então porque não escolher ir com o namorado, para uma universidade perto de casa? Uma escolha que eu nunca faria, mas eu entendo quem faça. É muito mais fácil seguir os outros que pensar por si próprio.
Mas ai o namorado de ensino médio, também conhecido aqui como Kenedy, termina com ela. Ela fica arrasada, chora, perde aula, quase reprova... até ai tudo bem. O que eu não me conformei com a burrice dela é no final ela ter sugerido abrir mão do sonho dela de ser música para continuar seguindo o Lucas. Não bastasse ter feito a m* da primeira vez, faria de novo se o novo namorado não fosse sensível o suficiente para não deixar e "obrigá-la" a seguir os sonhos dela.
Além disso, ao longo da história, ela é quase estuprada 2 (sim DUAS) vezes pelo mesmo cara e em nenhum momento pensa em fazer aula de defesa pessoal. É necessário que a "melhor amiga dela" a carregue para as aulas que são dadas GRATUITAS no campus da universidade. Sério cara? Você é quase estuprada e não faz nada? Eu juro que entendo não contar, não denunciar, mas esse fato não mudar NADA na sua vida é complicado. Pelo menos deprimida e amedrontada ela tinha que ter ficado.
A melhor amiga dela é a famosa "Queen B", está acostumada a mandar e todo mundo obedecer. E claro que Jacqueline faz exatamente tudo o que ela manda. "Agora você vai conversar com ele só para dar seu nome, depois nem olha na cara dele. É a operação Bad Boy". E a Jacquie faz. Porque afinal, me repito aqui, quando os outros pensam por você é bem mais fácil.
Agora vamos falar do Lucas. Para começar ele é um Stalker, cujo objeto de ficção é ela. Mas ninguém se importa porque ele é gato. Mas sério, eu já tava ficando assustada. A mulher tropeçava ele tava lá. Na aula de economia, trabalhando no Starbucks que ela ia tomar café, é ajudante do instrutor da aula de defesa pessoal, até faz tudo em república das fraternidades o cara faz. Porque ele coincidentemente vai consertar o ar condicionado da casa que terá a festa que ela vai estar presente, recusa a gorjeta e ganha um ingresso. PURA COINCIDÊNCIA. Aham, claro. Se ele realmente fazia tudo o que se propõe a fazer nesse livro ele não iria se formar nunca. Ainda mais em engenharia. Mas tudo bem. Até os desenhos que ele fazia dela enquanto ela ainda namorava OUTRO, (provando minha teoria de Stalker, e ela sendo o objeto de obsessão dele) eu sou capaz de relevar. O que não me conformou foi o trauma de infância dele. Sério, se ele fosse esquisito, feio, tivesse olho torto, ele seria um psicopata e seria jogado na cadeia. Ninguém passa pelo que ele passou aos 8 anos e SEM TERAPIA NEM NENHUM TIPO DE TRATAMENTO, COM O PAI DOIDO FICANDO MAIS TEMPO PESCANDO QUE COM ELE, se recupera numa boa. E ainda trata sexo como "Só faço sexo casual, nunca amei ninguém". Ele ainda não descobriu o "prazer" de matar, mas é só uma questão de tempo. Ele já quase matou um no livro.
Outra coisa que gostaria de reclamar desse livro: Todas as mulheres sofreram abuso sexual? Sério? E só mulher sofre abuso, claro. Tudo bem que as estatísticas são altas, coisa de 1 em cada 8 mulheres sofrem com isso (dado real). Mas em Easy, é 1 em cada 2. É a protagonista, a mãe, a amiga, a garota da fraternidade... Se o mundo for assim mesmo, F.U.D.E.U.
Outra coisa que não entendi desse livro é: Porque eles são um casal?
Entendo a parte da Jacqueline, tava deprê, não sabe ficar sozinha, apareceu o gatinho... Ela ia começar a namorar e se apaixonar por praticamente qualquer pessoa que chegasse perto o bastante e fosse capaz de sustentá-la (percebam que ela só "se apaixona" por ele depois que sabe que ele faz engenharia e tem um futuro brilhante pela frente). Mas porque ela é objeto de obsessão dele eu não entendi. Me pareceu uma pessoa bastante sem graça, além de burra e dependente.

Bom, como eu falei, acho que sou a única pessoa do mundo que não gostou desse livro. Ele tem muitos furos.
Mas mesmo com todos os meus problemas com o livro, li em menos de um dia. Tudo bem que eu parava no meio para xingar ela ou para ficar espantada me perguntando "como o Lucas surgiu ai?"

Obs. Para quem tiver curiosidade sobre o modelo da capa, clique aqui.