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12 de fev. de 2012

Livro: A Revolta de Atlas

Para falar sobre esse livro é necessário começar explicando um pouco de quem é a autora. 
Ayn Rand foi uma russa, nascida na época da união soviética. Sendo contra o regime socialista, fugiu e conseguiu asilo político nos EUA. Assim, já podemos esperar um livro que critica toda a filosofia socialista - chamada no livro de bem estar social - e defende, mesmo, o capitalismo. O que não é exatamente comum nos dias de hoje.
O livro é um clássico da literatura, como vim a descobrir depois. E confesso que só li o mesmo porque ganhei. Mas aconselho todos a lerem agora que conheço a obra.
São 3 volumes. No primeiro, a autora nos apresenta os personagens, nos mostra o que está acontecendo nos EUA. Até percebemos quem é quem, identificarmos a protagonista, entender o problema o livro é meio chato. Mas depois que conhecemos a Dagny, o Hank e o Francisco (meus três personagens preferidos) a história flui tranquilamente.
O segundo volume é um pouco mais complicado. A história fica enrolada, pois não sabemos exatamente o que está acontecendo, apenas percebemos que tudo está errado. Discursos sobre como ganhar dinheiro não deve ser pecado, como a inventividade deve ser venerada são constantes. Pessoas estão sumindo, e a gente não sabe porque nem para onde. Tudo começa a dar errado na vida dos protagonistas. Os políticos sangue-sugas parecem que estão conseguindo o que querem. Fica um mistério meio repetitivo que acaba cansando um pouco.
Mas o terceiro livro é uma delícia de ler. Finalmente descobrimos o que aconteceu com todas as pessoas que sumiram, as respostas são fornecidas. A vida dos protagonistas ficam piores por um lado, mas vemos a solução. Entendemos a lógica de todo o livro. Tudo entra em sincronia.
Mas falando dos personagens, a Dagny é uma mulher memorável que desde criança sabia o que queria. Da família Taggart, cujo império consistia na maior rede ferroviária do país, ela queria fazer jus ao nome da família e assumir os negócios. Por ser uma mulher, em uma época que mulheres nos negócios são raras, e tendo um irmão que por princípio teria o direito de assumir a companhia, ela estudou, se especializou, e começou de baixo, trabalhando como guarda noturno em uma estação. Nunca chegou a CEO, esse era o cargo do irmão, porém era Diretora de operações, e no final das contas, ela que resolvia tudo referente aos três. Jim - o irmão - só servia para políticas e nem para isso direito. Ajudou e aprovou leis que eventualmente destruíram a Taggart Transcontinental.
Hank Readen é um homem com extrema capacidade na industria de siderurgia. Ele investiu em pesquisa, e conseguiu uma nova liga metálica muito mais resistente e com melhor capacidade que o aço ou ferro usado até então. Tem uma origem pobre, mas conseguiu enriquecer pois conseguia extrair metal de onde a maioria das pessoas pensavam ser impossível.
Já Francisco D'Anconia também é de família rica. Extração de Cobre, que o bisavó começou na Argentina. Logo descobrimos que ele é amigo da Dagny, pois desde crianças eles passavam as férias de verão junto, de onde Francisco voltava do colégio interno. Foi preparado com tudo que tem direito para assumir o império familiar, ou seja, desde sempre foi ensinado a pensar. Fez faculdade, e se formou em Física e Filosofia ao mesmo tempo. Mas nos primeiros volumes ele é simplesmente um playboy que gasta muito dinheiro com coisas desnecessárias e responsável pelo coração partido da Dagny.
Esses personagens me encantaram. É tão raro vermos um livro que fala sobre industria, capitalismo, ainda mais com a protagonista sendo uma mulher forte e independente como a Dagny - que na minha visão acaba engolindo a história e os outros viram meros coadjuvantes. Ela é forte, independente, sabe o que quer e tem seus valores inabaláveis. Até a relação dela com sexo é única, ainda mais se consideramos a época. Ela sabe o que quer, e nada vai abalar a vontade de ir até o final. Vai passar por todos os desafios.
O livro tem um final meio apocalíptico. A autora destrói a economia americana completamente e só na última pagina deixa uma ponta de esperança.
É um livro que poderia escrever várias resenhas diferentes sobre ele. Um livro que vale a pena ler e conhecer.


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