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6 de out. de 2012

Livro: O Inverno das Fadas

Se eu tivesse que resumir esse livro em uma frase eu diria: Uma ideia genial que foi mal trabalhada.
Descobri esse livro muito por acaso rodando a sessão infanto-juvenil da livraria (sim, gosto de passear por lá, é tão colorido! E de vez em quando tem coisas bem interessantes).
A capa do livro já é bem bonita e chama atenção. Um livro sobre fadas. Depois de vampiros, lobisomens, bruxos... porque não fadas? Dai fui ler a sinopse para saber como as fadas entravam na brincadeira.
A ideia, que eu achei genial e fiquei louca para ler o livro, é a seguinte: Existe uma explicação para os grandes artistas (escritores, músicos, poetas, pintores e etc) que fazem muito sucesso porém morrem cedo. A fonte de inspiração deles é na verdade uma fada, porém essa espécie de fada não é madrinha, pelo contrário. Em troca da fama e dinheiro - a inspiração que torna a sua arte uma obra prima -, ela leva a sua alma. E seja com drogas ou se suicidando, o artista morre cedo, sem muito tempo para aproveitar. O ser espiritual não faz por mal. Ela depende dessa energia criativa do artista para sobreviver.
A quantidade de pessoal geniais que morreram cedo, normalmente com 27 anos, torna totalmente crível a história. Ninguém sabe ao certo porque essas pessoas se matam com drogas quando aparentemente tem tudo que sempre quiseram.
Mas o livro é bem estranho. Para começar, no início dos capítulos temos uma frase de uma música em inglês. Algumas tem até relação com o capítulo que vem a seguir, outras não. Por causa disso, fui ver quem era a autora, e descobri que faz parte dessa nova geração de autores brasileiros. Carolina Munhós é uma paulista um pouco mais nova do que eu. Pensando agora, acho que a música era a que ela estava ouvindo quando escreveu o capítulo.
Pelo texto, percebemos claramente que ela é fã de Harry Potter (sério, o nome do concurso que o protagonista vai participar é Belatrix Potter); de Brumas de Avalon - as fadas se referem a uma Deusa e fazem os respectivos rituais pagãs. No livro, faltou identidade. É uma mistura desses dois estilos de escrita, sem nada muito novo, sem grandes variações. Não sei com que idade a Marion Z. Bradley morreu, mas como já se foi, ela poderia ter sido influenciada por essa entidade do além, mas cara, a JK Rowling está viva. Ela não tinha que ter citada, nem deveria aparecer nesse livro. Harry Potter não foi inspirado por uma fada que suga a sua alma. Ela estando ali quebra a dúvida...
Não sei quanto a vocês, mas eu gosto de pensar que existe magia no mundo, só que infelizmente eu não sou um ser mágico. Harry é genial porque todo o mundo bruxo está "escondido" de nós, logo Hogwarts pode sim existir. E eu acreditei nesse mundo mágico durante muito tempo e só me convenci que ele não existia mesmo quando pensei nas criaturas mágicas (os bruxos não tem como escondê-las de nós). A ideia que Carolina teve era para me fazer acreditar que esse tipo de fada existe sim, infelizmente a quantidade de referencias a outros livros que eu conheço bastante bem, torna isso impossível.
O livro é escrito em 3ª pessoa, e nós leitores temos todas as informações o tempo todo. Não existe suspense. Logo na primeira metade do livro pensei em como seria genial se o livro fosse escrito pelo William  - autor que é influenciado pela fada Sophia - em 1ª pessoa. A visão dele, como ele conheceu a fada, como ela o inspirou e mudou a vida. Aos poucos ele ir descobrindo quem ela é, e consequentemente o futuro, ou a falta dele. Não vi nada de diferente nele que explicasse porque ele não deveria morrer, logo pra mim ele morreria antes de finalizar o livro e o último capitulo seria escrito pela fada Sophia, contando a versão dela e como ela não tem culpa de ser quem ela é e fazendo pequenas referencias a outros artistas que morreram cedo, no auge da carreira.
Isso foi uma outra coisa que não gostei nesse livro. Tudo bem que para justificar o livro era necessário que acontecesse uma exceção a regra, mas não vi o motivo do William ser. Sabia que ele não morreria, por ser bem óbvio mesmo e que de alguma forma eles iam ficar juntos no final, mas que eu tava torcendo para ele morrer eu tava. Não vi nele a exceção mesmo. Ele é um cara completamente sem graça e sem motivo de ser.
O livro se passa na Inglaterra, outra coisa que não entendi bem. Tudo bem que ela é fã de Harry e Brumas, mas ela não conseguia colocar a história aqui no Brasil? Se ela precisava de inverno com neve, vai para o sul. A gente tem magia aqui também!
Finalizando, o livro é uma ideia genial, que poderia ser para um público menos juvenil se ela esquecesse um pouco as referencias e criar seu próprio estilo, sua identidade e acima de tudo, sua mitologia.

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