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13 de fev. de 2013

Aleatório: Um conto de quase amor


Ela tinha 12 anos quando eles se conheceram. Não foi amor à primeira vista porque ainda era pequena, não tinha essas coisas no coração. Mas ele, já mais velho e paciente, entendeu a cabeça dela, e aos poucos ficaram amigos. Com as conversas francas e brincadeiras típicas de férias em cidade do interior, em pouco tempo ela percebeu que gostava dele.
Nunca nem tinha beijado, e queria aquela experiência com ele. Ele nunca quis. Ela nunca entendeu por que. Ela esperou e esperou. A vida seguiu. Ela foi crescendo. Os encontros nas férias foram ficando mais difíceis de acontecer. Ela desistiu de esperar.
A vida normal, longe das férias e da cidade do interior, continuou e o beijo aconteceu com outra pessoa. Ninguém importante. Nada como poderia ter sido. Apenas um beijo para dizer que aconteceu. Ela queria que fosse especial, mas desistiu de esperar. Chegou a pensar que ele não queria porque ela não tinha experiência. Ela conseguiu experiência. Nunca aconteceu.
A menina, que nunca se achou bonita, sempre achou que nada aconteceu por culpa dela. Chegou a pensar que ela não merecia. Mudou o corpo. Tornou-se o padrão de beleza, elogiada por muitos, até mesmo por ele. Mas quando pensava que ia acontecer, não acontecia com desculpas sem sentido.
Situações surgiram, e muitas ela não foi adiante, sempre esperando por ele. Nunca quis outro, ainda mais na cidade das férias. Sempre esperava por ele. Ainda espera mesmo sem querer.
Eles voltaram a se encontrar. A vida continuava passando. Ela cresceu. Mudou de colégio, passou no vestibular, aprendeu a dirigir. Mais de 10 anos se passaram. E ainda assim, sempre que o encontra se sente como a menina de 13 anos que de repente se encontra apaixonada pelo bobo da corte, pelo melhor amigo.
Chega a ser engraçado quando o vê. A menina que já é mulher. Quase independente, quase se formando, tem um plano para vida. Ele, de uma realidade diferente, já trabalha há algum tempo. Ele não pensa em faculdade, vive do pouco. São vidas diferentes, vidas incompatíveis. E mesmo sabendo que eles não ficariam juntos mais que uma noite, ela ainda o espera.
E quando o vê sente-se insegura. Acha errado já estar dirigindo, esquece-se de tudo no mundo fora da cidade pequena. Sente-se insegura, volta a ser a criança ainda sem lugar no mundo. Mas no fundo sabe que nada vai acontecer. Infelizmente.
E agora, tudo acabou mesmo. Qualquer mínima chance se esgotou. A razão de a menina ir à cidade de férias acabou, foi-se embora. E o que poderia ter sido, ficará nesse tempo verbal.
Nada nunca irá acontecer, porque o menino não quis e a menina não soube falar que queria. E o pior é parar e perceber que eu ainda estou esperando.

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