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6 de fev. de 2013

Livro: As Bem Resolvidas (?)

Mais um para a série brasileira: uma ideia boa, mal escrita e mal trabalhada.

Resolvi ler esse livro quando, em um grupo do Clube do Livro, me recomendaram. Tinha falado lá que sinto falta de Chick-Lit no mercado brasileiro, e me indicaram esse.
Já começo deixando claro que para ser Chick-Lit a protagonista já tem que ter passado dos 25 anos. Senão, é romance, infanto juvenil... qualquer coisa, menos Chick-Lit. Sendo assim, esse livro não pode ser encaixado nesse gênero. Gossip Girl é literatura infanto juvenil, talvez jovem adulto se forçar um pouquinho, mas JAMAIS será Chick-lit, apesar de algumas pessoas considerarem, e até terem criado o "sub-gênero" "Teen-Lit". (Medo dessas pessoas)
Mas independente do gênero desse livro, o fato é que foi escrito por um homem, brasileiro, com 3 protagonistas mulheres de 17 anos e com o público alvo claramente meninas de... sei lá... 10 anos?
A ideia desse autor foi fazer um Gossip Girl no Rio de Janeiro. A história de 3 meninas filhas da elite carioca, que estudam no melhor colégio da cidade, vão de motorista para todos os lugares, tem entrada vip em todos os eventos master e etc. Até ai muito legal. E se elas tivessem 13 anos, no máximo, na história, eu aceitaria e acharia até engraçadinha. Mas ele colocou as protagonistas com 17 anos, e não parou para pensar, que com essa idade, você já está se formando no Ensino Médio e já está pensando no que fazer da vida (seguir os passos dos pais ou encontrar seu próprio caminho?). Quando se tem 17 anos, cada vez mais, as meninas já discutiram sexo, já fizeram ou estão pensando em fazer. Querem um namorado para mais que segurar a mão. Nessa idade, sendo elite e tendo tudo na mão, com certeza você já experimentou alguma droga, já tomou muito mais que champanhe, já entrou em todas as boates de classe A da cidade, já viajou para fora... enfim, já fez muita coisa. Com 17 anos, quando você quer se vingar de uma pessoa, você dorme com o namorado dela, ou faz ela revelar um segredo gigante na frente de todo mundo.
Depois dos 15, ou mesmo antes disso, você NÃO joga papel higiênico molhado na "inimiga" em frente a escola. E sendo elite e sendo Brasil, com certeza não vai parar na delegacia. Com essa idade, não importa o seu passado, você não vai para uma festa com a sua mãe a tiracolo, ainda mais sendo um menino.
E essas coisas acontecem no livro. Isso o tornou tão irreal, tão fora da realidade, que tirou toda a graça da história.
Me pareceu que o autor perdeu muito tempo pesquisando os nomes das ruas, os lugares que os ricos e famosos vão no Rio, que esqueceu de perceber o que realmente sente uma menina de 17 anos. Ele, obviamente, nunca foi uma, e pelo visto, não conhece nenhuma também. 
Ele colocou um namorado para uma das meninas completamente nada a ver com nada, falando "tu" tudo errado, e simplesmente fora do normal. As protagonistas são santas e a antagonista, apenas uma menina procurando seu lugar no meio dos "ricos de berço", já que esta é filha de pais que enriqueceram, e sendo assim, não tem a 'educação de casa' tão valorizada nesses círculos.
O que foi a situação ridícula da professora indo dançar funk na casa da aluna? Tudo bem que já soube de caso da professora começar a namorar a menina da turma, sendo que esta ainda estava na 7ª série do Fundamental (isso quer dizer, 12 ou 13 anos). Mas ainda assim...
É uma ideia boa. A elite carioca daria sim uma série interessante. Mas adolescentes são muito mais complexas que isso, e o autor simplesmente não soube aproveitar.

E sim, eu li o livro até o final para poder falar mal direito. E confesso que o último esquema da Bu (a antagonista) foi digno. A forma das meninas resolverem que não foi muito... apesar de que, se comparado com o resto, foi... interessante.

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