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27 de abr. de 2013

Livro: Quase Adultos

Queria alguma coisa leve e rápida para ler antes de voltar as minhas obrigações. Consegui uma coisa rápida, mas nada leve. Apesar de pequeno, o livro é bastante pesado, com cenas a beira da crueldade. Porém mesmo assim, ele não te leva a grandes reflexões, muito pelo fato de ser curto e as cenas serem todas rápidas mesmo. A verdade é que esse livro foi adaptação de uma história feita originalmente para o audiovisual, e como acho que foi escrito pelo próprio roteirista, ficou muito próximo a um roteiro, um script, desde as falas diretas, as cenas que são cortadas por marcações no texto. Estava quase lendo o fade in/out entre elas.
E nesse diminuto texto, a emoção ficou um pouco de lado. Parece que o escritor, na hora de adaptar o roteiro, esqueceu que no livro não tem como vermos a expressão do ator, não escutamos sons e é necessário a descrição da cena em detalhes. Esse direto ao ponto empobreceu uma história que tinha tudo para me levar as lágrimas por muito tempo, me fazer parar e pensar nas injustiças do mundo, me identificar com alguns dos personagens, ou pelo menos reconhecê-los de longe. Como são muitos adolescentes e não há um protagonista exatamente, ficamos perdidos em suas histórias. Eu, que sou péssima para nomes, demorei um pouco para entender cada um.
A história é mais uma de adolescentes pobres, vivendo o dilema entre o mundo do crime e seguir a vida direito. A menina de 15 anos que engravida, os valentões do colégio batendo em todo mundo que o desagrada, a garota que tinha tudo para ser popular, mas o grupo de valentonas não permite. A situação extrema que se chega, ainda mais na adolescência, onde tudo parece eterno e profundo. O mundo é uma merda, para algumas pessoas mais que outras, e nessa vamos levando. E é sobre isso o livro, a história. A maioria sobrevive, mas alguns ficam pelo caminho. E a dor da perda é grande. O que fazer então?
 Algumas coisas nesse texto me incomodaram muito, como o menino fazendo sexo com a namorada do outro, na casa dele, na frente dos amigos e com o irmão do namorado preso na varanda da frente do quarto. Detalhe: A mãe estava em casa. E que namorada retardada é essa? Foi definitivamente a cena que mais me perturbou. E outra coisa que me pergunto é como os pais não perceberam que a garota estava apanhando no colégio, se ela chega em casa com o nariz sangrando, testa cortada e talz? Cara, cair de cara no chão não é tão fácil assim, e se a pessoa cai uma vez por semana, ela precisa de um médico para ver seu equilíbrio.
Como já disse, o livro é super curto e rápido de ler. É bagunça, é audiovisual e está pronto para ser adaptado ao teatro. Ao cinema, já foi no filme Juventude Rebelde e é sobre o subúrbio londrino. Até agora, acreditava que era americano. Mas honestamente, pode ser em qualquer local.
Um coisa que merece destaque e me surpreendeu nesse livro foi o cuidado da edição. A capa é com soft touch (aquele papel gostoso de ficar passando a mão, que parece veludo) e com verniz em alguns lugares (aquele que dá brilho na capa), e o que me surpreendeu realmente foi quando abri o livro é vi na contracapa toda especial. Dá para perceber que foi feito com muito carinho.

2 comentários:

  1. É, realmente, parece ser um livro bem pesadinho mesmo. Mas sinceramente? Existem horas que só livros assim me agradam, porque eles são tão realistas, tão incríveis.
    Já anotei a dica aqui.

    Um beijo,
    Luara - Estante Vertical

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  2. Acho que é o tipo de livro de momento, sabe? Não é para ser lido quando temos vontade e sim quando a situação pede. Sei lá, eu pelo menos sou assim, para pegar uma leitura mais pesada e forte, tenho que estar preparada psicologicamente, senão acabo não me envolvendo tanto.
    Não conhecia esse livro, mas achei a resenha e sua opinião sobre ele bem interessante. Leria se tivesse oportunidade.
    Só é uma pena msm essa falta de envolvimento que o autor deixou de passar.

    Bjs,
    Kel
    www.itcultura.com.br

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