Queria alguma coisa leve e rápida para ler antes de voltar as minhas obrigações. Consegui uma coisa rápida, mas nada leve. Apesar de pequeno, o livro é bastante pesado, com cenas a beira da crueldade. Porém mesmo assim, ele não te leva a grandes reflexões, muito pelo fato de ser curto e as cenas serem todas rápidas mesmo. A verdade é que esse livro foi adaptação de uma história feita originalmente para o audiovisual, e como acho que foi escrito pelo próprio roteirista, ficou muito próximo a um roteiro, um script, desde as falas diretas, as cenas que são cortadas por marcações no texto. Estava quase lendo o fade in/out entre elas.
E nesse diminuto texto, a emoção ficou um pouco de lado. Parece que o escritor, na hora de adaptar o roteiro, esqueceu que no livro não tem como vermos a expressão do ator, não escutamos sons e é necessário a descrição da cena em detalhes. Esse direto ao ponto empobreceu uma história que tinha tudo para me levar as lágrimas por muito tempo, me fazer parar e pensar nas injustiças do mundo, me identificar com alguns dos personagens, ou pelo menos reconhecê-los de longe. Como são muitos adolescentes e não há um protagonista exatamente, ficamos perdidos em suas histórias. Eu, que sou péssima para nomes, demorei um pouco para entender cada um.
A história é mais uma de adolescentes pobres, vivendo o dilema entre o mundo do crime e seguir a vida direito. A menina de 15 anos que engravida, os valentões do colégio batendo em todo mundo que o desagrada, a garota que tinha tudo para ser popular, mas o grupo de valentonas não permite. A situação extrema que se chega, ainda mais na adolescência, onde tudo parece eterno e profundo. O mundo é uma merda, para algumas pessoas mais que outras, e nessa vamos levando. E é sobre isso o livro, a história. A maioria sobrevive, mas alguns ficam pelo caminho. E a dor da perda é grande. O que fazer então?
Algumas coisas nesse texto me incomodaram muito, como o menino fazendo sexo com a namorada do outro, na casa dele, na frente dos amigos e com o irmão do namorado preso na varanda da frente do quarto. Detalhe: A mãe estava em casa. E que namorada retardada é essa? Foi definitivamente a cena que mais me perturbou. E outra coisa que me pergunto é como os pais não perceberam que a garota estava apanhando no colégio, se ela chega em casa com o nariz sangrando, testa cortada e talz? Cara, cair de cara no chão não é tão fácil assim, e se a pessoa cai uma vez por semana, ela precisa de um médico para ver seu equilíbrio.
Como já disse, o livro é super curto e rápido de ler. É bagunça, é audiovisual e está pronto para ser adaptado ao teatro. Ao cinema, já foi no filme
Juventude Rebelde e é sobre o subúrbio londrino. Até agora, acreditava que era americano. Mas honestamente, pode ser em qualquer local.
Um coisa que merece destaque e me surpreendeu nesse livro foi o cuidado da edição. A capa é com soft touch (aquele papel gostoso de ficar passando a mão, que parece veludo) e com verniz em alguns lugares (aquele que dá brilho na capa), e o que me surpreendeu realmente foi quando abri o livro é vi na contracapa toda especial. Dá para perceber que foi feito com muito carinho.
É, realmente, parece ser um livro bem pesadinho mesmo. Mas sinceramente? Existem horas que só livros assim me agradam, porque eles são tão realistas, tão incríveis.
ResponderExcluirJá anotei a dica aqui.
Um beijo,
Luara - Estante Vertical
Acho que é o tipo de livro de momento, sabe? Não é para ser lido quando temos vontade e sim quando a situação pede. Sei lá, eu pelo menos sou assim, para pegar uma leitura mais pesada e forte, tenho que estar preparada psicologicamente, senão acabo não me envolvendo tanto.
ResponderExcluirNão conhecia esse livro, mas achei a resenha e sua opinião sobre ele bem interessante. Leria se tivesse oportunidade.
Só é uma pena msm essa falta de envolvimento que o autor deixou de passar.
Bjs,
Kel
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