21 de maio de 2013
Querido Charlie,
Peço desculpas na demora em responder suas cartas. Um atraso de 20 anos é difícil de justificar, mas elas demoraram para chegar e acredito que foram alteradas ao longo do caminho. Como você não colocou nome, nem endereço de resposta, só me resta acreditar que algum dia você encontrará minhas palavras perdida em algum canto da internet, e entenderá que eu gostaria de poder ajudá-lo, não ser apenas seu ouvido no meio da confusão da adolescência.
Nas primeiras cartas suas que recebi, quase as joguei direto no lixo, não entendendo a preciosidade do que havia contida nelas. Seu português é muito fraco para alguém que tem 17 anos que está na turma avançada. Seu devolvimento foi sentido a medida que o tempo foi passando. Bill, seu professor de literatura, fez um bom trabalho com todos aqueles livros.
Você é de fato um menino especial, mais do que eu podia imaginar.
Sua adolescência foi muito mais conturbada que a de qualquer pessoa que conheço. Você sobreviveu situações que poucas pessoas sequer entenderiam. Algumas eu só entendi depois que li a próxima carta. E Charlie, você conseguia me surpreender a cada momento. Com seu jeito simples e delicado fui sentindo por ti o mesmo que você sente pela Sam e pelo Patrick. Um amor, um carinho muito grande. Ao longo de suas cartas, você se tornou meu amigo, alguém que posso admirar e perceber que a vida pode ser muito mais.
Queria poder ter te ajudado, impedido que várias coisas ruins acontecessem contigo. Gostaria de ter te protegido. Não quero que fique sozinho. Participe das atividade e vá levando a vida da melhor maneira possível. Um dia você irá conseguir tudo o que deseja, e conseguirá, como disse a Sam, ser mais que um ombro amigo, um ouvido. Você será você mesmo, e agirá como desejar.
Você pode até se achar invisível, mas faz mais diferença no mundo do que pode imaginar. Como disse o Patrick, você não só sabe o que está acontecendo com todo mundo, como também entende. Algumas vezes, melhor até do que a pessoa que está vivendo.
Gostaria de ter tido um amigo como você.
Não me importa qual o seu problema. Sei que você não é igual a todo mundo. Mas a tua diferença te torna real, verdadeiro. E por incrível que pareça, me fez me sentir próxima de você, me fez entendê-lo melhor quando tudo ficava confuso.
Você pode achar que escreveu as cartas apenas para ter um ouvido, para poder contar sua história, mas a verdade é que elas me ajudaram a ver as peculiaridades do mundo.
Não vou me estender muito mais nessa carta resposta. Como nunca mais tive notícias suas, imagino que tenha sobrevivido ao ensino médio, ido para a faculdade e hoje seja uma grande escritor. Talvez essas suas cartas se tornem seu primeiro livro. Nunca pare de escrever e continue melhorando.
E da próxima vez que desejar me escrever, envie direto, sem intermediários. E acredite, só quero ajudá-lo. Jamais o julgarei por viver de uma forma que eu não tenho coragem, por ser aquilo que você é.
Obs. Concordo com a sua irmã, e você deveria mesmo parar de fumar. E parar de usar drogas. Elas não prestam.
Com amor,
Carina
Oi, Carina!
ResponderExcluirPois é, tivemos a mesma ideia.
Acabei não procurando se outras pessoas também a tiveram, mas, pelo visto, fizemos algo 'novo'.
Não sei com você, mas eu li esse livro num só dia. Quando acabei fiquei buscando o fôlego e, de uma forma esquisita, tive vontade de responder àquelas cartas. Assim o fiz.
Achei bacana essa ideia do autor não ter determinado quem era o amigo, porque nos dá a impressão que qualquer pessoa pode ser. E, ao mesmo tempo, que somos nós. Por isso respondi.
Muito legal que outras pessoas tenham tido essa ideia também, que ai não fico pensando que tenha fantasiado demais. HEHEHEHE
Legal a sua carta também.
Um beijo,
Bruno
Olá Bruno,
Excluirsei que já faz tempo que você comentou aqui e provavelmente nunca verá a minha resposta.
Mas de qualquer jeito, sinto que deveria te responder.
O livro é escrito dessa forma, para o leitor ser o remetente das cartas de Charlie. E funciona muito bem.
Obrigada por tem entrado no meu blog e lido a minha carta.
Obrigada Charlie, pela atenção.
Eu vi sim! :)
ExcluirOlá Carina, adorei o livro As vantagens de ser invisivel, não escrevi uma carta para o Charlie, mas me apaixonei por ele e pelas cartas.
ResponderExcluirQue você se sinta sempre Infinito.
Beijinhos
http://pequenasresenhasdeumavida.blogspot.com.br/2013/07/maratona-literaria-primeiro-desafio.html
PS: Estou participando também da Maratona, me segue... beijos.
Oi Mônica,
ExcluirSomos infinitos, mesmo quando não queremos ser.
Já segui seu blog. Obrigada pela visita!