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25 de mai. de 2013

Livro: Uma Garrafa no Mar de Gaza

Quando esse livro foi lançado no Brasil eu tinha ouvido qualquer murmurinho sobre ele. Sei que tem um filme derivado (produzido pela França), e se eu não me engano esse filme chegou a ganhar algum prêmio... mas aqui no Brasil nunca chegou realmente, o que é uma pena.
Mas o livro traz uma realidade tão diferente da nossa que não é de se espantar que cause estranheza e desconfiança. Parece trágico, afinal, quando falamos "GAZA" só pensamos em guerra, homens bomba, intolerância religiosa... Nunca ouvi falar de nada bom na região, apesar de ter certeza que exista.
Voltando ao livro, ele conta a história de Tal e Naim, dois jovens separados por 60 km físicos e muitos km culturais. Como a própria Tal fala em uma de seus correspondências, como é fácil imaginar a vida de um americano médio, em seu High School, mas completamente impossível imaginar alguém do outro lado da fronteira entre Palestina e Israel. E essa distância física x distância cultural é grande em muitas partes do mundo, em várias cidades diferentes, mesmo quando não estamos em estado de guerra.
Tal é uma menina sonhadora, filha de pais fantásticos que sempre acreditaram que era possível paz entre os povos. Depois de vivenciar uma bomba perto de casa, resolve fazer contato com o outra lado da fronteira, pois se recusa a admitir que todos os palestinos são iguais. E ela descobre pelo menos um diferente, Naim. Com seu senso de humor e sacarmo delicioso de ler. Logo na sua primeira resposta já estava apaixonada. Um menino que não teve os privilégios que a Tal teve, mas nunca deixou de sonhar. Que mostra para ela as diferenças. E na troca de cartas, cada um descreve como viu/onde estava quando certos fatos ocorreram, assinatura de tradado de paz com o auxílio do Bill Clinton e a morte do primeiro ministro israelense. A esperança de paz sendo construída para em seguida ser estilhaçada com um tiro. Como tudo mudou em um segundo. Como proceder depois disso? De quem é a culpa?
Quando estava lendo o livro, jurei que teria um final trágico. Afinal, já se passa na faixa de gaza, fala de amor entre uma israelense e um palestino. Nas primeiras páginas já cita Diário de Anne Frank, depois Bonequinha de Luxo e em um determinado momento eles se comparam a Romeu e Julieta. Mas a verdade é que esse é um livro de esperança, e talvez por isso, tenha um final quase romântico. Egoísta, sim, mas necessário para ser minimamente real.
Minha única reclamação é quanto a diagramação do livro. Não há diferença entre a carta/e-mail e os diários de cada um dos personagens. Assim, começamos a ler cada capítulo sem saber quem está falando. É verdade rapidamente percebemos, mas uma diferença visual teria facilitado. E outra coisa foi a falta de data nos e-mails. Em alguns momentos ela reclama que ele não há responde em semanas, e nós não temos como "saber" porque os e-mails não estão datados. São detalhes assim que empobrecem um livro que tem uma narrativa linda e gostosa de ler.
Um livro que te faz rir, chorar, se emocionar e parar para prestar atenção que existem pessoas que são das regiões em guerra. E nós estamos aqui, sortudos, andando na rua sem medo de um carro bomba. (apesar de de vez em quando eles colocarem fogo no ônibus).

Obs. Quando estava lendo esse livro, me lembrei muito desse vídeo do TED. Um designer que criou uma forma de comunicação entre Iran e Iraque, mesmo no meio da guerra. É mais uma prova que a sociedade está pedindo paz. Ninguém aguenta mais guerras. (ia colocar sem sentido, mas não existe guerra com sentido...)






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